Quando, há algum tempo, se dizia que a cultura seria o futuro (alguns, utilizando a formulação menos conseguida «indústrias ligadas à cultura»), a grande maioria de nós riu-se ou nem sequer reconheceu importância. O que é facto é que temos aí provas do contrário. Entendendo o conceito de cultura da forma mais ampla possível, verificamos que é por esse motivo que Arouca está, neste momento, em «rampa de lançamento» para o desenvolvimento. Verificamos isso, graças ao Geoparque. Verificamos, ainda, que Arouca faz depender muito da sua identidade do seu Mosteiro, fazendo reviver o órgão de tubos, levando, em breve, a biblioteca «para dentro» do Mosteiro, revitalizando o seu centro urbano, etc., etc. As bases começam a lançar-se. Mas isso não basta. Não podemos, não devemos, não queremos ficar-nos pelas bases. Podemos, devemos, queremos ir mais além. E hoje, uma conversa que parecia uma simples conversa provou-me isso mesmo. Provou-me que o futuro é agora, mas que precisamos de voltar um pouco atrás.
Como alguém me dizia hoje, tivemos, no Mosteiro, gente à frente do seu tempo. Gente de alta linhagem. Gente culta, que fez daquele local um pólo difusor de cultura e desenvolvimento. Um pólo, sobretudo, de bom gosto. É aí que temos de ir, que temos de regressar. Não podemos ficar à espera que coisas mais ou menos avulsas nos dêem a ilusão de que estamos a andar para a frente. Temos de pensar à frente. Saber, claramente, o que vamos responder quando nos perguntarem «e depois?». Temos de remexer nessas raizes, recuperar essa seiva e trazer esse passado para aqui, pôr mãos à obra, porque o futuro é agora.
Subscrevo inteiramente.
Abraço