Há quase um ano que o Provedor de Justiça terminou o seu mandato, sem que, até ao momento, os partidos com maior representação parlamentar se tenham entendido quanto ao seu sucessor. A «novela» vai já ganhando contornos de «comédia à portuguesa», como diz o próprio dr. Nascimento Rodrigues. Mas vai mais longe, colocando o «dedo na ferida» de uma forma contundente: «O PS já ocupa todos os altos cargos públicos, faz lembrar o Zeca Afonso: “eles comem tudo”». Já era mais ou menos notória a matriz «tentacular» do exercício do poder por parte dos socialistas, que, agora, parece acentuar-se. Ficam algumas frases, particularmente interessantes, enquanto os nossos políticos continuam, entretidos, à «guerrinha», em vez de fazerem o que devem, e resolverem os problemas do país.
«Dito isto, é verdade que não estou satisfeito e acomodo-me mal por me ver obrigado a permanecer no exercício de um mandato cujo prazo legal está longamente excedido. Ao fim e ao cabo, sou Provedor de Justiça desde 9 de Junho de 2000. Sou uma espécie de “Provedor Matusalém”».
«É apenas uma comédia à portuguesa! Quanto tempo mais acha sustentável manter esta situação sem que isso comece a afectar de forma notória, quer o funcionamento interno da Provedoria, quer os níveis de confiança da comunidade neste organismo, cujo rumo persiste em não ser definido?»
«Sejamos claros: este impasse desprestigia os decisores políticos, intranquiliza o funcionamento normal da Provedoria e deixa os cidadãos cada vez mais descrentes da qualidade da nossa democracia».