Uma das páginas do jornal «Público» de hoje é dedicada a Vilares da Vilariça, aldeia de Alfândega da Fé. Ao que parece, a «auto-estrada da informação» chegou à aldeia a uma velocidade superior à da verdadeira e necessária estrada de alcatrão. A aldeia já tem acesso gratuito à internet via «wireless», e já há retransmissor de televisão. Contudo, os outros acessos (a tão falada «estrada alcatroada») ainda estão por acautelar. O texto não se alonga em grandes considerandos, mas deixa no ar um bocadinho daquilo que somos.
Cada vez mais, estamos a tornar-nos «experts» em construir a casa pelo telhado. Uma das expressões mais populares tem sido a de que se faz isto ou aquilo «para a estatística». Este caso é um pouco exemplo, imagem daquilo que somos ou daquilo em que nos estamos a tornar. Cada vez temos mais dificuldade em distinguir o essencial do acessório, estamos demasiado concentrados em investir no que talvez não seja prioritário, fazemos e dizemos coisas grandes porque queremos ser vistos.
Neste caso concreto, é questionável a prioridade da estrada da informação sobre a de alcatrão, ou provavelmente sobre o saneamento, ou o abastecimento de água de qualidade, ou a recolha de lixo, ou outra coisa qualquer. Mas o que é facto é que agora há televisão e internet naquela aldeia. Isto, «na estatística», já deve significar algo.
Resumindo: o choque tecnológico no seu melhor (ou pior)