18 de Janeiro de 2009 – Jaques Morelenbaum, Bill Frisell & Vinícius Cantuária ao vivo na Casa da Música

morelenbaum-frisell-cantuariaO concerto de Jaques Morelenbaum, Bill Frisell e Vinícius Cantuária marcou o arranque da programação dedicada ao Brasil, na Casa da Música. A sala cheia acolheu calorosamente os músicos, que arrancaram com timidez. O «Cello Samba Trio», composto por Morelenbaum (violoncelo), Ricardo Silveira (guitarra) e Robertinho Silva (percussão) prosseguiu numa toada que sugeria uma «reinvenção clássica» do imenso potencial da música brasileira. Samba, Jazz e improvisação mostraram que, de facto, o Brasil, mais do que favela, assalto e violência, também é música.

Vinícius Cantuária, discreto, com a sua guitarra servindo de base harmónica, surpreendeu com a sua voz melodiosa, aveludando temas como «Esse seu olhar» ou «Só danço Samba». Robertinho Silva demonstrou que com coisas simples se pode quase «inventar» uma secção de percussão. Ricardo Silveira é um excelente guitarrista. O nylon das suas cordas fez lembrar, em alguns momentos, a dupla Pat Metheny/Charlie Haden, com passagens sublimes. Não será a toa que Frisell o orientou nos Estados Unidos, contando no seu currículo com colaborações com grandes músicos. Bill Frisell, o «revolucionário» da guitarra eléctrica, não se alongou em «performances», mas foi surgindo, sempre que a música o sugeria ou reclamava a sua presença. O seu som é inconfundível, e a forma como aborda os temas faz-nos saber, de olhmorelenbaum-frisell-cantuariaos fechados, que é ele quem está por trás daquela guitarra. Morelenbaum dispensa apresentações e elogios. A presença de um instrumento como o violoncelo numa formação deste tipo não seria, à primeira vista, «normal». Mas «Jaquinho» provou que há lugar, porque o músico o preenche.

Este concerto mostrou-me um Brasil cosmopolita, alegre, moderno, capaz de reinventar as suas raizes depois de bem fertilizadas e estudadas. Mostrou-me um Brasil que não tem vergonha de si, que se supera, que contagia toda a gente com o seu sorriso fácil, o seu português açucarado e a sua voz suave. Um Brasil que a Casa da Música vai, por certo, dar a conhecer melhor, demonstrando que, se calhar, temos bastantes coisas para aprender.

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