Chamemos-lhes coincidências. Ou um apelo das raizes, para que sejam regadas. Depois de Muidumbe, a atenção vira-se para a Gorongosa. A guerra fez da Gorongosa um quase deserto. Cerca de 95% da fauna foi destruída, e o que era um parque natural, praticamente se reduziu a cinzas e pó, restos de destruição, levados e trazidos pelo lago, que cresce quando a época das chuvas chega, e quase desaparece quando não chove. Só que um parque natural não é apenas feito da fauna e da flora, não é um jardim zoológico sem fronteiras definidas. A Gorongosa é uma povoação que abraça o parque com 200 mil vidas. ‘A pobreza em Moçambique tem rosto de mulher’. É uma das frases mais marcantes deste documentário. Porque é verdadeira. Mas quase se pode dizer que, ali, a vida também tem rosto de mulher. ‘A nossa Gorongosa’ conta histórias de resistência, resiliência, determinação. De futuro. De equilíbrio entre a terra e o homem. Que começa, neste como em muitos casos, por ajudar as pessoas a saberem mais. A partir daí, é mais fácil.