Saramago dizia-se um pouco estupefacto pelo facto de dominarmos a tecnologia espacial, e não cuidarmos dos problemas (sociais) da nossa terra. Poderíamos ir um pouco mais longe, e vermos como a ciência já encontra soluções para tantos problemas, ao mesmo tempo que o cérebro, que todos temos, e cada um diferente, continua a ser um delicioso mistério. O último livro de António Damásio debruça-se sobre esse mistério, e do fascínio que pode exercer em nós, quando começamos a procurar respostas. Sobretudo para respostas que vão mais no sentido do sentir do que do pensar. Porque há viver e sobreviver, e aquilo a que chamamos instinto revela-se de forma diferente, consoante o contexto. Porque talvez não haja coração e razão, mas um cérebro e várias funções. A forma como o texto está escrito e disposto no livro são, para além do assunto em causa, outro convite a que se leia muito, bem e depressa. A ver se conseguimos.
Os sentimentos providenciam a vontade e o incentivo de nos comportarmos de acordo com a informação que fornecem e de fazermos aquilo que mais apropriado for para a situação com que nos deparamos, seja fugir do perigo ou abraçar a pessoa de quem tivemos saudades.
António Damásio – ‘Sentir & Saber: A caminho da consciência’