O duduk é um instrumento arménio, com um som quente, profundo, envolvente. Um som que nos transporta para dentro de nós próprios, até conseguirmos olhar-nos a partir de fora, verificando que não estamos lá. Não tem o exotismo do Oriente, nem o habitual do Ocidente. Não tem o estranho do desconhecido, nem o normal do que conhecemos. É outra coisa, em qualquer contexto. Algo que, a partir de uma simples nota pedal, ou do nada, nos transporta até ao princípio de tudo. Aí, a partir de onde tudo é possível. Um som primordial, a partir do qual tudo nasce de forma equilibrada e justa, fluída e bela, alegre e, ao mesmo tempo, melancólica. Como se uma paisagem ampla e construída passo a passo, por nós, se fosse estendendo, sem limites, diante de nós. Vale a pena ouvir o duduk.