29 de Março de 2016 – Bruegel. Bruxelas. Entre o bem e o mal

BruegelA luta entre o bem e o mal já se trava em Bruxelas há mais de 450 anos. Chama-se «A queda dos anjos rebeldes». É um quadro pintado por Pieter Bruegel, o Velho. Em 1562. E faz parte do acervo do museu nacional de artes da Bélgica.

Há poucos dias, a Europa acordou desorientada, com os atentados perpetrados no seu coração político, cujo simbolismo se percebe, mas as consequências não. De repente, em outro tempo e em outro contexto, a Bélgica parecia abrir uma nova frente de luta entre o bem e o mal. Em outra tela. Com outras cores. Com outros protagonistas. Com outras interrogações ou porquês.

Bruegel resgatou a herança de Hieronymus Bosch, e juntou, na mesma tela, formas humanas e sombras, luz e trevas, anjos comandados por São Miguel, com a sua armadura dourada, e o dragão com sete cabeças. Estranhamente, em equilíbrio.

É estranho como o bem e o mal conseguem, frequentemente, coexistir. Tal como o céu azul e a profundeza do abismo, de Bruegel. A pouco e pouco, é como se nos fossem retirando a tela do pintor holandês, ou o vidro da televisão. E aquilo que estava ali, mesmo em frente a nós, mas, de facto, longe (e nós, protegidos), passa a estar à nossa volta, e suga-nos. Para dentro do quadro.

Pilatos terá feito a pergunta verdadeiramente essencial, quando fazia uma espécie de julgamento a Cristo. «O que é a verdade?» Esta, a pergunta que, entre as explosões de Bruxelas e a explosão de cores de Bruegel, metralha a nossa mente. Desorientada. Ferida. E sem uma resposta definitiva.

O quadro de Bruegel é um dos que pode ser visto e conhecido com particular detalhe no mais recente projecto do Google Cultural Institute. Aqui. Obrigado Rui Tukayana, pela dica, no «Mundo Digital» de hoje, na TSF.

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