Súbito, voltei a “tropeçar” em Natália de Andrade. Uma espécie de fenómeno musical trágico-cómico, para o qual há poucas explicações, muitas especulações e nenhuma certeza. Ninguém consegue, ao certo, contar a história da sua vida, nem mesmo recuperando as suas próprias palavras, que não se sabe se são mesmo suas, se são verdadeiras, ou se são apenas a corporização de um sonho, tornado realidade à força. Todavia, há discos gravados, há participações em programas televisivos, há escritos, há um rasto da passagem de Natália por esta vida. Um rasto com a forma de um tremendo ponto de interrogação. Mas não faz mal. Natália seguiu o sonho. Decidiu torná-lo realidade, a todo o custo. Não olhou as barreiras, antes o horizonte, o destino a que queria chegar. Não se preocupou se o percurso era real ou sonhado, se o destino era a glória ou a fama, ou a anedota ou a crítica. Deixou marca. Essa marca, em forma de ponto de interrogação. Sobre como, tendo sido realmente possível, foi isto possível.
“Canção Verde” – Victor Macedo Pinto (1917 · 1964)
O nosso amor é verde.
Nós somos verdes.
Verdes,
como são os campos
e as árvores
quando regressa a Primavera.
Verde é tudo quanto é belo.
Tu és verde, meu amor, verde.
Verde!
O nosso amor é verde,
mas não digas a ninguém.