Diz quem sabe que D. Quixote de La Mancha se armou a si mesmo cavaleiro, depois de ter investido todo o tempo que tinha na leitura de romances de cavalaria. Quixote resolveu partir para viver o seu sonho, mesmo que, em cada batalha, tivesse de lutar, antes de mais, com a realidade. Foi, o mais das vezes, ridículo. Mas manteve-se fiel àquilo em que acreditava ser a verdade. E foi por isso que lutou. Num lugar de La Mancha, de cujo nome poucos se lembram, vivia um fidalgo, daqueles de escudo e lança, à moda antiga, cavalo velho e fraco (um tal de Rocinante), e que de tanto ler e tão pouco dormir, veio a perder o juízo. Dizem. Jordi Savall, rosto da música antiga, cuja busca se parece à de Quixote, só que sempre com mais e melhores descobertas, dedicou um livro com dois discos à música que conta estas histórias, de romances de cavalaria. E é assim que partimos por aí, lutando contra os famosos moinhos de vento. Com Quixote, Lancelot, Artur e todos os que, com mais ou menos loucura, acreditaram nos sonhos.
Primera Parte – Primeras Andanzas, Capítulo II:
Romance Viejo De Lanzarote, “Nunca Fuera Caballero?” (Anónimo)
Jordi Savall, Montserrat Figueras, Hesperion XXI, La Capella Reial de Catalunya