Talvez haja um ponto em que sons e palavras ficam em pé de igualdade. Quando olhamos para uma folha em branco, a sensação é mais ou menos a mesma que quando nos acercamos de um instrumento, e há aquele momento de silêncio, até alguma coisa acontecer. Por uma fracção de segundos, parece que passam por nós todas as palavras, todos os sons, tudo o que há em nós para transmitir. E às vezes, parece que tudo flui. Tudo é natural. Tudo faz sentido. Outras vezes, é preciso procurar. Alinhar, realinhar, tentar, falhar e voltar a tentar, até ficar mais próximo do desejado. Ou desistir. Há dias assim. Em que perante a folha em branco ou o teclado, a melhor solução é mesmo o silêncio.