Há quem diga que a mesma água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte. Talvez sim, talvez não. Há o ciclo da água, e o rio é sempre o rio, e o mar é sempre o mar. E há o sonho, e a imaginação, e o desejo, e tudo o que queremos tornar possível, mesmo que seja só num universo que nem a todos conseguimos mostrar. Há também quem diga que a vida é parecida com uma estação de comboios, onde há gente que vai e vem, gente que vai para não voltar, vem para ficar, está só em trânsito, veio só ver, sorri e chora, porque se despede ou reencontra com alguém. Sim, talvez. Acontece todos os dias. Há uma espécie de estação dentro de cada um de nós. Onde nos encontramos connosco, desencontramos connosco, onde podemos partir e chegar, sempre que queiramos. Passou muito tempo. Tempo em que se disse adeus, em que se disse olá, em que se reviram e reviveram várias cenas de vida, em telas imaginárias. Em que se caiu, levantou, tropeçou, amparou. Houve um tempo em que o caminho se fez caminhando, como tem de ser. As intermitências, para Saramago, eram as da morte. Aqui, podem ser as da vida. A ver se, desta vez, a chegada a esta estação é para ficar. Ou para regressar diariamente. Como quem regressa a dentro de si. Estou a chegar. Até já.
Este texto lembrou-me a música cantada tão bem pela Maria Rita, mas que é do Marcelo Camelo “Encontros e Despedidas”. Quando estou num comboio lembro-me sempre….
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero……