Há alturas em que algo nos atinge como uma agulha que retira o ar de um balão. E, progressivamente, às vezes e forma tão lenta que até cansa, vamos ficando vazios. Vazios de energia, de vontade, de tudo. Ou então, é como se o cérebro ganhasse hélio, e fosse subindo, subindo, saindo de nós, ficando a vontade de fechar os olhos até não apetecer mais. Às vezes, o vazio não é mau. É uma forma de encontrarmos o que colocar em vez dele. Uma forma de procurarmos nós mesmos o que queremos colocar nesse vazio. Uma forma de procurarmos o que resta de nós mesmos, dentro de nós, durante esse (pelo menos aparente) vazio. Enquanto caminhamos, por aí, com o cérebro agarrado a um cordel.