Hoje ouvi, pelas ondas da «TSF», uma sentida referência, em tom de homenagem, que Bragança dizia dever a José Sócrates e Paulo Campos. O líder do PS Bragança, Mota Andrade, exaltou os paladinos do desenvolvimento, porque agora, segundo ele, de Bragança a Lisboa já não eram nove horas de distância, como diziam os «Xutos & Pontapés» em «Para ti Maria». Logo Francisco Assis afinou pelo mesmo diapasão, e atirou forte, dizendo que sempre que se fala nesta gente se desligam as funções cerebrais e se dá um «reflexo pavloviano» de salivar contra tão competentes políticos. Pois é exactamente na junção de um destes argumentos e do contrário do outro que chego à conclusão de que temos, urgentemente, de «desomenagear» esta gente. Se de Bragança a Lisboa já não são nove horas de distância, de Arouca ao Porto continua a ser um tormento, apesar de termos uma auto-estrada fantasma a poucos quilómetros do que temos de suposta ligação ao litoral. É, portanto, lícito que salivemos contra esta gente. Que se desliguem as nossas funções cerebrais, se quiserem. Porque estes senhores prometeram-nos coisas. De viva voz. Em decretos publicados no Diário da República. Salivemos, portanto. Sejamos primitivos, como querem que sejamos. Porque de gente desta na política não precisamos. Muito menos de assistir, impávidos e serenos, a «pseudo-homenagens», hipócritas e provincianas, a gente sem qualquer tipo de nível para o que quer que seja.
«Reconhecer esse grande trabalho que foi feito pelo Governo do PS, com o anterior Primeiro-Ministro José Sócrates, com o Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e também com o Paulo Campos, que é hoje nosso colega e que teve um papel determinante para que essas estradas fossem construídas e sejam hoje uma realidade no distrito».
(Mota Andrade, líder do PS Bragança, durante as jornadas parlamentares, naquele distrito)
«Mas vejo olhando para alguns analistas, para alguns observadores da vida pública em Portugal, que quando se fala do passado e em particular do principal interveniente desse passado, parece que desligam as suas funções cerebrais e activam puramente as gandulas salivares, num reflexo pavloviano completamente inadmíssivel».
(Francisco Assis, na mesma sessão)