Mozart escreveu um dia, numa carta, que a música lhe surgia, muitas vezes, em verdadeiras torrentes, na cabeça. Não conseguia influenciá-la, nem controlá-la. As ideias de que gostava, guardava, ampliava, iluminava, dava vida. Encontrava a música. Fazia-a. Moldava-a. Tornava-a obra-prima. A música não me sai da cabeça, especialmente quando tenho de a fazer. Vou relembrando fragmentos de partituras. Melodias. Sensações. A música tem destas coisas. Porque é a arte suprema. Não consigo ser um génio como Mozart. Mas consigo deixar-me surpreender pela música. E isso basta.