É curioso pensarmos que a claridade do dia se deve a um astro que, nos últimos dias especialmente, não temos o grato prazer de poder apreciar convenientemente. O sol. Aliás, todo o nosso pequeno universo apenas existe porque existe o sol. Nós não pensamos nele, pelo menos até sentirmos a falta, não o vemos, mas são assim, muitas vezes, as coisas verdadeiramente fundamentais. Não se vêem, não se sentem, não nos parecem importantes. Até pensarmos nelas. Até querermos senti-las, tocá-las, vivê-las. Luís XIV intitulou-se «rei sol», como que a marcar uma verdade absoluta, como absoluta era a sua visão sobre tudo. Mas Luís passou, a carruagem prosseguiu, e história continuou a moldar-se sem ele. E, discreto, o sol lá continuou, a nascer e a pôr-se, dia após dia, na sua certeza fundamental. Discreto. Esquecido. Escondido. Essencial. Eu queria poder oferecer o sol.