6 de Dezembro de 2011 – No amarelo da Carris

Meio da manhã em Lisboa. A pé. Nuvens altas. Entro nas veias da cidade. Absorvo, quase poro a poro, o que posso. Caminho. Do Santo Contestável, desço à Estrela. Passo pelo jardim. Há gente que passeia, há gente que fala ao telefone, há gente sentada, sem fazer nada. E eu. Circulo. Basílica da Estrela. Há missa. Detenho-me a olhar o espaço, entrecortado pelo falar do celebrante e pelas respostas não muito efusivas da assembleia. Há um órgão pequeno, perto de uma grande cúpula. Curioso contraste. Saio. Um mendigo. Não dou. Há eléctricos a passar em frente. Subo. Quero comprar a viagem de regresso aos Prazeres. A senhora que comanda a máquina sorri e diz que é tão perto que me oferece a viagem. Sorrio de volta. Sento-me à janela e penso em escrever. Prazeres. Curiosa a arquitectura dos cemitérios. Vejo. Encontro nomes conhecidos. Caminho. Silêncio. Retorno ao exterior. Ao bulício. Preparo-me. Desço, novamente a pé, até ao Quelhas. Passo pela rua Almeida Brandão. Curioso. São Bento. Estranha calma, desabitado, parece. Passo por uma paragem de autocarro, onde uma rapariga estuda partituras de «carols» natalícios. Penso em sorrir e dizer «desço para cantar um Requiem», mas prefiro ficar pelo sorriso, só para mim. Junto ao Quelhas, entro. Vai haver música daqui a pouco. Concentração.

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