Esta senhora é a minha avó, e faz hoje 93 anos. Noventa e três anos bem disfarçados por uma forma «rija» de ser e estar. Levantando-se, sempre, das quedas. Pé ante pé. Devagarinho, como que a apreciar bem tudo o que está à volta. A avó «Miquitas» já falava das festividades há muito tempo. Com a alegria e a vontade de pensar em cada pormenor. Dir-se-ia que eram 39 em vez de 93. Na realidade, 93 é só um número, composto por dois algarismos, cuja ordem é completamente arbitrária. Conta a vida que passa entre os algarismos. Entre os dedos da mão envelhecida. Pelas linhas de cada pequena ruga. Amanhã vai ser dia de festa, com a minha ausência. Mas o dia é hoje, e por isso almoçámos juntos. Amanhã, estarei a caminho de Lisboa, enquanto toda a gente comemora. Eu tive sorte. Comemorei antes. No dia.