4 de Outubro de 2011 – A morte, depois da vida depois da vida

Ele tinha sobrevivido, quase milagrosamente, ao assassinato da mãe, enquanto esperava para nascer. Enquanto rezava, numa igreja de Madrid, a mãe foi assassinada por um louco, que se suicidou de seguida, em frente ao altar. A mãe, grávida, ia trazê-lo à luz no próximo sábado, mas as coisas precipitaram-se, e ele acabou por nascer, logo ali, da mãe já sem vida. Havia um sentimento de que a vida, apesar de tudo, tinha prevalecido. Que talvez houvesse alguma luz naquela tragédia absolutamente inexplicável. Fazia sentido pensar-se que houve vida depois da vida. Hoje, depois de não resistir aos danos cerebrais causados por uma cesariana de emergência, aquele rebento de vida deixou de estar vivo. Talvez tivesse de ser assim. A morte, apenas depois da vida depois da vida.

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