16 de Dezembro de 2010 – A urgência da estrada

As novas tecnologias deram-me o grato prazer de reencontrar o meu primo Miguel Ângelo Quaresma Brandão, actualmente a prosseguir os seus trabalhos de investigação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A distância e o tempo fizeram-nos falar de vários assuntos de forma voraz, e acabámos por desembocar no tema «variante». Para nós, que vivemos em Arouca, a visão das coisas nem sempre é tão objectiva e assertiva como devia. Vamo-nos acomodando aos compromissos políticos, vamo-nos conformando com a nossa dificuldade em fazermo-nos ouvir, e as coisas teimam em passar-nos ao lado. Deixámos que esventrassem o vale de Rossas, teimosa e autoritariamente. Permitimos que a construção deste lanço se fizesse com partes perigosas, especialmente com gelo, nas épocas de Inverno. Agora, temos o que temos. O Miguel, como amante de Arouca que é, teve a amabilidade de contribuir para que na «Wikipedia» se pudesse saber mais sobre Arouca. Mais sobre a sua identidade. Mais sobre o que deveria ser a sua identidade. Mais sobre a urgência de termos uma estrada condigna.

Arouca é um concelho da Grande Área Metropolitana do Porto, região Norte (Portugal), tendo pertencido à antiga província do Douro Litoral: apesar de fazer parte do distrito de Aveiro, a identidade autóctone do concelho de Arouca insere-se na identidade dos municípios do distrito do Porto, a cidade de referência dos arouquenses sempre foi o Porto, onde têm a maioria dos familiares radicados em espaços urbanos e onde os jovens arouquenses frequentam, na sua grande maioria, o Ensino Superior, e onde os arouquenses se deslocam, frequentemente, para consultas médicas mais especializadas que não existem em Arouca, sendo comum muitos arouquenses terem uma casa secundária no Porto ou viverem no Porto durante a semana e durante o fim-de-semana em Arouca, havendo transportes diários de autocarro entre o Porto e Arouca: num passado recente, os expressos rodoviários eram comummente denominados ‘Expresso Arda-Douro’, o que indica a forte ligação dos arouquenses com o Porto. Também é comum serem proprietários de estabelecimentos comerciais na cidade do Porto, do qual é exemplo a célebre Padaria Ribeiro. O Porto sempre foi a cidade principal que escolhem para adquirirem a cultura erudita e urbana, há vários séculos. Foi, na cidade do Porto, que muitos arouquenses ilustres alcançaram cargos profissionais de muito prestígio quer na estrutura do Estado quer em instituições privadas. A parte noroeste do concelho, que faz fronteira com o de Gondomar, encontra-se, em linha recta, a cerca de 10/15 Km do Porto. O contacto dos arouquenses com a cidade de Aveiro é fugaz, escasso e meramente administrativo, em relação à qual os arouquenses não manifestam qualquer sentimento de pertença. Perante esta situação real, torna-se um paradoxo que o concelho de Arouca, até ao presente, ainda não tenha uma ligação rodoviária moderna e funcional até à cidade do Porto, que sempre foi a sua cidade de referência, para além de também ser paradoxal o facto do poder autárquico de Arouca, o Município e as Freguesias, ainda não se ter empenhado no abandono administrativo do concelho de Arouca do distrito de Aveiro com a sua consequente integração, em termos definitivos, no Distrito do Porto, ao qual, pela sua natureza, pertence.

(Wikipedia: Miguel Brandão)

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