A democracia já não nos chega. Sabemos bem que, de todos os maus sistemas, a democracia é o menos mau. Mas, mesmo sendo o menos mau, o tão mau em que se está a transformar é mau demais. Os nossos representantes já não nos representam, ou então representam o pior de nós, fazendo-nos desacreditar na ideia política de que o homem é intrinsecamente bom, mas a sociedade é que o corrompe. O que parece acontecer, é que a sociedade, ou melhor, a política amplia o que de pior temos. Quantos de nós não precisariam, neste momento, de se «desenrascar», de «ter um bom emprego», de poder «pôr e dispor», de ter poder? Talvez sejam só algumas das razões para sentirmos que delegar poder, como a democracia nos pede, já não nos chega, sendo uma das soluções possíveis decretar que os votos brancos, nulos e as abstenções possam contar para o preenchimento de lugares no Parlamento. Porque em alguns casos, apesar de haver quem as preencha, parece que temos, de facto, as cadeiras vazias.