7 de Janeiro de 2010 – Contra a ideia das sopranos avantajadas

daniela-dessiA cantora lírica italiana Daniela Dessì está no centro de um debate que começa a ganhar contornos no mínimo interessantes. A ideia que nos surge, quando falamos de grandes cantoras líricas, é a de senhoras avantajadas. Pois bem, já Maria Callas tinha subvertido essa lógica, e, mais recentemente, Anna Netrebko é um exemplo de elegância, beleza, sensualidade, quase erotismo. Sucede que Daniela Dessì, considerada uma das melhores cantoras líricas da actualidade (especialmente na interpretação de Verdi, apesar dos seus 50 anos), abandonou a produção de «La Traviatta», em que participava como Violeta, devido aos comentários do famoso encenador Franco Zefirelli. O encenador referiu-se a Dessì como uma senhora «com alguma idade e roliça», ao que a cantora respondeu que esses comentários só podiam resultar dos «caprichos de uma pessoa velha». O episódio de Dessì vem trazer à ordem do dia aquilo a que muitos chamam a «ditadura do belo». Cada vez menos há lugar para quem não tenha «imagem». E Daniela Dessì tem razão quando diz que «não se canta com o corpo».

«É uma senhora com alguma idade e roliça» (Franco Zefirelli)

«Meço 1,70 metros e peso 65 quilos, e sempre procurei cuidar do meu aspecto, já que sou reconhecida como cantora e actriz. O aspecto é importante, mas apenas quando acompanhado de um grande talento vocal. Não se canta com o corpo, mas sim com a voz». (Daniela Dessì)

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