Propositada ou não, a «descarga» de Saramago contra a Igreja Católica teve, como se previa, a principal consequência de colocar toda a gente a falar do autor e do livro em causa. É certo que, quando manifestamos uma ideia, a manifestamos do ponto de vista em que olhamos para «a coisa», e fundamentamos, e selamos isso com a nossa visão. Mas fazer disso uma visão universal, ou pretendê-lo, é, talvez, exagerado. Como defensor da liberdade que, julgamos, será, deveria, pelo menos, dar o benefício da dúvida aos que se dizem crentes, dando espaço às suas perspectivas, e não os reduzir a uma espécie de «bando de alienados». Sabemos bem que a Bíblia não é um manual de instruções a ser lido à letra. Se o fosse, estaríamos, muito provavelmente, a aproximar-nos de um fundamentalismo semelhante ao islâmico, que, esse sim, se baseia em leituras literais do Alcorão. No mundo cristão sabemos bem que nem tudo é assim. A conclusão que muitos comentadores acabaram por retirar foi a de que isto não seria mais do que uma provocação, um «golpe publicitário». A ser assim, resultou. A partir de hoje, também há um exemplar na estante de casa.
Magnífica operação, à borla, de marketing, com muita porrada de uma parte e perdão de outra.
Não tenciono tê-lo na minha estante apenas porque tem cada vez mais certezas, menos pontos, vírgulas ou reticências e…assim a leitura fica muito mais difícil.
Sem dúvida, um gesto publicitário. Porque fazer estes comentários sobre a Bíblia, precisamente nesta altura, quando já o poderia ter feito várias vezes antes? (sim, já o fez, mas não da forma acutilante como foi agora).
O que me aborrece é que um Nobel tenha recorrido ao insulto gratuito(há uma página em que ele diz que Deus é um fdp…), o que retira brilho às convicções ateístas dele (legítimas), para o reduzir a um nível francamente baixo. Saúdo a forma altiva como a Igreja católica lidou com a situação. Aparte de alguns mais aguerridos (que mesmo assim tentaram conter-se nos seus comentários), sentou-se num debate com ele, e ponto por ponto, reduziu este manual de insultos a pó.
Será certamente um livro que não irei ler, pois perdi a curiosidade. Para ler insultos, vou ao blog do Pedro Sousa, ahahahaah!!!! (tou a brincar!)