«Ao meio dia», é o título que a Casa deu a um ciclo que «dá música» por essa hora, aos domingos. Hoje era a vez de se estrear o Coro Casa da Música, sob a direcção de Paul Hillier. A expectativa era grande, quer pelo leque de vozes (algumas delas já bem conhecidas), quer, sobretudo, pelo facto de ter na sua direcção musical um dos mais reconhecidos especialistas na área: Paul Hillier. O grupo revelou ter um potencial muito interessante, e já uma fusão muito consistente. Para o concerto inaugural, Hillier escolheu Pedro do Porto e Lopes-Graça, dois expoentes máximos da polifonia portuguesa, constrastantes no estilo, mas tendo em comum o «sentir português». Hillier não demonstrou qualquer dificuldade em transmitir esse sentir através da música, demonstrando extrema competência no seu trabalho. Estão de parabéns o Coro e o maestro. Que provou por que razão tem renome mundial.
À noite, não eram os famosos três tenores líricos, mas três grandes (GRANDES) saxofonistas, que privilegiaram a utilização do saxofone tenor. Mas não era só. Havia, ainda e sobretudo, a Orquestra de Jazz de Matosinhos, cujo nível é do melhor que podemos ouvir. Com incursões pela música contemporânea e passando por paisagens sonoras do mais diverso que podemos imaginar, o tempo passou sem se dar conta, ao som de temas de Carlos Azevedo, John Hollenbeck, Ohad Talmor e Pedro Guedes. Ao lado, estavam Andy Shepard, Chris Cheek e Mark Turner, sob a orientação de Carlos Azevedo e Pedro Guedes. Valeu a pena.