O principal problema dos políticos portugueses é falarem e agirem muito pouco sobre as políticas, passando o tempo a agirem e, em última análise, a estarem ao serviço de quem os elege não como representantes dos legítimos interesses e anseios dos eleitores, mas antes como isso mesmo: políticos. Faz falta dar-se o passo seguinte, após as eleições, que é o de se colocarem «ao serviço do povo», porque foi para isso que, de facto, foram eleitos, e não para alimentarem «guerrinhas pseudo-ideológicas» ou tricas de índole partidária. O debate tão aguardado, e que eu não pude ver em directo, ajudou a esta ideia. Falou-se da economia, do TGV e até de Espanha. Mas esqueceu-se o tão querido «Portugal profundo», esse onde ainda não há saneamento básico, ou água potável, ou electricidade em algumas casas, ou estradas e caminhos decentes e urgentemente necessários. É que é «esse povo» que vai votar, e não apenas os «privilegiados» das Áreas Metropolitanas ou da faixa costeira do país. Bem sabemos que é importante debater grandes questões nacionais, mas também não se deve esquecer aquilo que é fundamental para o dia-a-dia básico do cidadão. De que nos servem grandes discussões sobre o nosso cosmopolitismo ou a nossa convergência, quando, à nossa porta, continuamos como há 10 ou há 20 anos atrás? Assim, o grande desafio é que passemos a discutir e a agir verdadeiramente sobre as políticas, mais do que sobre os políticos. Para que a chamada «arte política» seja o que, na sua essência, os gregos queriam que fosse: a disponibilidade para se trabalhar em prol do colectivo, da pólis, o verdadeiro exercício da cidadania, e não uma espécie de cena de «tragicomédias de folhetim», em que nem nos entretemos, nem fazemos o que devemos.
retrato pífio de aprendizes de feiticeiros e de uma certa geração (rasca) do desenrascanço e da sucata ideológica???
ou estamos todos enganados???
brincamos ou colamos cartazes???