16 e 17 de Agosto de 2009 – Completamente desligado

nada«Lá fora» há burburinhos vários, continua a discutir-se a política, continua a debater-se, continua um calor infernal, continua, em suma, tudo mais ou menos na mesma. Sem dar ouvidos a mais nada, desliga-se a ficha. A janela mantém-se aberta, mas agora é tempo de, como Álvaro de Campos, pensar em nada. Quase como o eremita, que encontra tudo o que procura em estar consigo mesmo. Não estou mesmo pensando em nada. Em nada.

Não estou pensando em nada

Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.

Não estou pensando em nada, e que bom!

Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida…
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada…

(Álvaro de Campos)

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