Há algum tempo, a dupla «Pino/Lino» ficou famosa pelas «gaffes» e por um certo «pandeguismo» na forma como foram conduzindo os seus respectivos ministérios. Com o aproximar do final da legislatura, depois das desgraças da «Qimonda», da «Autoeuropa», da «Peugeot/Citroën» e outras, «Pino» eclipsou-se. Lino tentou a mesma estratégia, mas é mais difícil. Como diria Manuela Ferreira Leite, começa a ser «gato escondido com o corpo todo de fora». Por cá, também temos razões de queixa. Depois de várias promessas, verificamos, agora, que quase de certeza serão adiadas. Só que o argumento invocado não colhe validade. Mal corria se um governo se deixasse conduzir pela crítica às obras públicas por parte da oposição. Os governos são eleitos para representarem os cidadãos, para pugnarem pelo seu bem-estar, pelos seus recursos, pela coesão do território. Não para faltarem ao prometido, como parece que está a acontecer em relação à Área Metropolitana do Porto. Foi escrito em vários documentos que a via estruturante Arouca/Feira era uma prioridade, e que o «QREN» atenderia a tal facto. Houve, inclusive, intervenções públicas sobre o assunto, aquando da visita do Secretário de Estado Paulo Campos e de técnicos do instituto Estradas de Portugal a Arouca. Bastava ao governo cumprir o prometido. Agora, em verdadeiro frenesim eleitoral, quando toda a gente anda preocupada quase exclusivamente com isso, parece ser tarde. As declarações de António Costa, ex-ministro deste governo, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e «insuspeito apoiante», esclarecem-nos quanto à natureza do problema. E o problema é o Ministro das Obras Públicas, o tal do «jamé». Por isso, o grande objectivo do momento deverá ser «Lino: “jamé”»!
«Articular internamente a AMP na sua rede de estradas em pontos críticos, promovendo a coesão territorial e garantindo uma acessibilidade interna mais homogénea, aos centros e aos espaços de protecção ambiental, nomeadamente concretizando a ligação de Arouca ao nó da Feira, das variantes às EN14 e EN104 na Trofa e Santo Tirso, IC29 e suas ligações em Gondomar, construção da A32 S. João da Madeira-Feira-Carvalhos, ER327- Ovar (IC1)-S. João da Madeira (IC2) e o plano integrado de acessibilidades de Vila do Conde e Póvoa de Varzim».
Quadro de referência estratégica nacional 2007-2013; Área Metropolitana do Porto: Prioridades de Desenvolvimento
«Eu creio que sou insuspeito de não ser apoiante do actual Govero, e, como disse, no melhor pano cai a nódoa. Infelizmente, com o Ministério das Obras Públicas, as nódoas têm se repetido, em matéria de incumprimento de compromissos».
António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, em declarações à TSF