Quando se coloca sequer a possibilidade de uma empresa estratégica, em que o Estado tem «golden share» (500 acções que dão um poder decisivo), comprar um canal televisivo, que (por acaso) se diz que tem feito uma «campanha negra» contra o Governo e o Primeiro-Ministro, é duvidoso pensar-se que o Estado não saiba de nada, como afirma. O mesmo Primeiro-Ministro que, enquanto líder da oposição, dizia temer o excessivo controle dos «media» por parte da PT, aquando do negócio «Lusomundo», agora quase «fecha os olhos» a um regresso a esse controlo, com a «nuance» de, desta forma, directa ou indirectamente, o Estado poder ficar a controlar três em quatro canais televisivos de sinal aberto, e dois em três canais de informação no cabo, sem falarmos no resto. Ou será apenas uma estratégia de «silenciamento»? A tudo isto, o Estado, o Governo responde com o silêncio cada vez mais cúmplice, atacando com argumentos um tanto falaciosos. A primeira a «tocar no assunto» foi a dr.ª Manuela Ferreira Leite, dizendo que não acreditava, que seria impossível que o Governo não soubesse de nada. Logo houve o recurso a respostas inflamadas, clamando «mentira», atacando a falta de propostas. No meio deste «jogo de palavras, há excertos interessantes.
«Nunca nos passou pela cabeça que a PT pudesse ser uma empresa tão instrumentalizável.» (José Sócrates, há quatro anos).
«Qual o interesse do senhor deputado na linha editorial da TVI? Está preocupado com alguma coisa? Como eu o percebo. O senhor deputado acha que a TVI tem seguido uma linha contra o Governo e deve manter-se. (…) Não será bom deixarmos isso aos privados? Ou acha que se deve manter tal como está, não tirem de lá ninguém, que assim é que está bem? (…) O Governo nada sabe, nem deu nenhuma orientação, nem lhe foi perguntado nada». (José Sócrates, no debate quinzenal de ontem)
«Os portugueses estão habituados a ouvir falar em negócios estrambólicos. Aqui está mais um». (Francisco Louçã, no debate quinzenal de ontem)
Na sequência das notícias recentemente publicadas na comunicação social, a Portugal Telecom informa que, tal como já tem referido relativamente a situações anteriores, aborda frequentemente opções estratégicas de desenvolvimento e expansão da sua actividade relacionadas com as várias áreas de negócio da empresa, desde que estas maximizem valor para os seus accionistas.
É já conhecida a forte aposta do Grupo Portugal Telecom na área da televisão e dos conteúdos audiovisuais, bem como o peso dos seus investimentos no mercado publicitário em Portugal. Como tal, a Portugal Telecom não poderá alhear-se das oportunidades de investimento que o mercado vai oferecendo, analisando recorrentemente todos os cenários que lhe sejam propostos e que sejam consistentes com a sua estratégia de negócio.
Neste âmbito, a Portugal Telecom confirma a existência de contactos entre o Grupo Prisa e a Portugal Telecom. Tais contactos abordaram diversos cenários de investimento, incluindo a possível aquisição de uma participação no capital social da Media Capital e formas de relacionamento entre esta empresa e a PT. Não foi contudo celebrado qualquer acordo.