Confesso que tinha uma certa admiração, um certo respeito, uma certa reverência pela forma como o debate político era conduzido no parlamento britânico. Hoje, tudo isso se esboroou, com a confirmação pública de uma série de escândalos que envolvem deputados de todos os quadrantes políticos, mais concretamente no que diz respeito aos seus gastos. Há alguns dias, o jornal «The Daily Telegraph» iniciou a publicação de uma investigação acerca dos gastos dos deputados nas suas residências de trabalho, para as quais têm comparticipações até 24 mil euros/ano. No início da investigação, as suspeitas recaíam essencialmente sobre o Primeiro-Ministro Gordon Brown, que, alegadamente, terá utilizado essa subvenção para pagar despesas de um irmão, mas cedo alastraram aos «Tories». As histórias são variadas, desde um deputado que colocou as facturas das lâmpadas de casa nas despesas de representação, a outro que incluiu as despesas com a comida do cão. Em representação de toda a classe política, Brown já apresentou desculpas publicamente, mas talvez isto não seja suficiente. Sobretudo pelos danos causados no meu imaginário político internacional.
«Quero pedir desculpas em nome de todos os políticos, de todos os partidos, por aquilo que aconteceu e pelos acontecimentos dos últimos dias».
«Tal como vocês têm os mais elevados padrões na vossa profissão, também nós [políticos] temos de mostrar padrões mais elevados para a nossa profissão».