3 de Maio de 2009 – Um adeus ao «Mestre» Fernando Mendes

fernando-mendesNunca falámos. De  tão humilde e tímido que parecia, ninguém diria o músico que foi, o músico que era. Em Alvarenga e por Arouca chamavam-lhe o «Mestre», pela figura de maestro, pedagogo, sábio que sempre teve. Apesar da música, nunca falámos. Mas recordo as palavras que deixou à minha mãe, após um concurso menos bem sucedido: «Ele que não desista. Ainda é muito novo, e as oportunidades vão surgir». E assim foi. O homem que compôs «Alvarenga em Marcha», que várias vezes tocámos em convívios com a Banda de Música de Alvarenga. O homem que dedicou muito da sua vida à transcrição de grandes obras orquestrais para banda filarmónica. O homem que tocou vários instrumentos, mantendo sempre uma mestria e uma destreza teóricas que deixavam os seus colegas e professores admirados. Fez parte da Banda Sinfónica da GNR, tocou em várias orquestras sinfónicas, dirigiu a «sua» Banda de Alvarenga. Numa das últimas vezes que o vi (e fotografei) por Alvarenga, esteve a «navegar», no Espaço Internet local. Voltei a encontrá-lo no excelente concerto que a Prof. Alexandra Mendes, sua filha, que tive o imenso prazer de conhecer, deu em Arouca. Revi-o há pouco, no seu estilo introvertido de sempre, mas nada me fazia prever que chegássemos aqui. Hoje, sem sequer termos falado, ganham ainda mais sublinhado as palavras que me fez chegar, mesmo que indirectamente. «Não desistas. As oportunidades vão surgir». É por isso e por tudo o que o «Mestre» foi (e é) que este não é «o último», mas apenas «um» adeus.

One thought on “3 de Maio de 2009 – Um adeus ao «Mestre» Fernando Mendes

  1. Nunca conheci. Vi-o algumas vezes, mas sem nunca ter o conhecimento de era esse grande músico que descreves. Peço desculpa pela minha ignorância.
    Depois de ler o que escreveste, fiquei a ter a certeza de que era um homem sábio. Conseguiu ver em ti (ainda muito jovem), aquilo que temos hoje a oportunidade de ver, o grande músico que és. 🙂
    Agradeço-lhe as palavras de incentivo que fez chegar a ti, através da tua mãe. Quem sabe não terá sido essa também, uma das suas grandes “obras” enquanto viveu entre nós…
    Não desistas nunca de agarrar, com as dua mãos, as oportunidades que te vão surgindo. Se nem sempre correr bem, estamos aí para te dar apoio e força para continuares.
    Paz à alma do «Mestre».
    Fica bem…

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