Pedro Passos Coelho, em entrevista à revista «Pública», afirmou que o PSD se está a afastar daquilo que deveria ser a sua genética, enquanto Partido. Mudou demasiadas vezes de líder, mas continuou sem um rumo que pudesse configurar-se como alternativa. Continuou e continua a viver das ascensões e quedas de personalidades, fruto da conjuntura e das vagas de apoio. Continuou e continua a ser demasiado democrático e pluralista, dando a palavra a todos, sem construir uma alternativa sólida e fundamentada. Continuou e continua a falar demasiado, sem se afirmar com argumentos indestrutíveis. Continuou e continua, muitas vezes, a fazer oposição por oposição, sem dizer de que forma faria melhor. Continuou e continua a discutir muito e a executar pouco. Continuou e continua a ser território dos ditos «barões», que mais não fazem do que fomentar o «jogo» político. A entrevista não diz isto tudo, mas faz pensar nisto tudo. Há um parágrafo que me ficou na memória, e que diz muito do que pode e deve ser lido na revista «Pública» de hoje:
«O facto de não fazermos a reflexão estratégica que é preciso fazer, de nos atermos demasiado ao formalismo e não à substância das decisões políticas, de nos fecharmos sobre nós próprios em vez de nos abrirmos à sociedade civil e conversar com as pessas, o facto de não marcarmos o nosso território ideológico, com medo de que o eleitorado central se assuste e nos torne mais difícil o regresso ao poder, o facto de menosprezarmos as ideias políticas e nos tornarmos oportunistas no comportamento que exibimos perante o eleitorado. Tudo isto se foi acumulando ao longo dos anos».