Hoje, por volta das 18 horas, o Presidente da República entregou ao escritor Mário Cláudio o Prémio Literário Fernando Namora. Há alguns anos atrás, Mário Cláudio foi o responsável por incutir num grupo de «universitários» algumas noções de Cultura Portuguesa. As suas aulas eram um misto de desafio à personalidade, de erudição e de confronto com a nossa quase miserável situação. Desse tempo, ficou uma amizade, que (infelizmente apenas) a espaços temos alimentado, com fantásticas conversas sobre música, literatura, a sociedade.
Os livros entram-nos pelos olhos dentro, normalmente, por acaso. Houve dois acasos de que me lembro com alguma ternura: «Guilhermina» e «O Anel de Basalto e Outras Narrativas». Às vezes, é difícil acompanhar o autor, tal a filigrana de palavras que hábil e sabiamente compõe. Mas vale a pena. Porque há ali uma outra dimensão do mundo, porque volta a lembrar-me da nossa situação de (quase) miseráveis «cultos».
O homem cujo nome se confunde já com o pseudónimo, diz que os prémios apenas o incentivam a continuar. Afirmou categoriacamente que não reconhece qualquer significado ao (des)acordo ortográfico. E diz que parecemos espectadores numa espécie de circo romano diário, assistindo às «lutas» políticas. Depois do Prémio Pessoa e de vários prémios que foram reconhecendo o seu trabalho, orgulho-me de ter como amigo uma personalidade assim. Do fundo da minha situação de «(quase) miserabilidade» cultural: parabéns, Professor.