Uma jornalista do «The Independent» colocou ontem a hipótese de o compositor Felix Mendelssohn ter morrido de amor. A notícia é curiosa pelo facto de, recentemente, terem surgido notícias de que seria possível, talvez em breve, juntarmos os componentes químicos certos para chegarmos ao «Elixir do Amor». Certamente que Donizetti ficaria satisfeito com a notícia, mas isso será outra história. O que parece que é facto, é que Mendelssohn pode mesmo ter morrido de amor.
Os termos colocados assim, remetem-nos para uma trama camiliana, trágica e sofrida, talvez pouco sofisticada e demasiado irrealista. Mas parece que não terá sido tanto assim. É facto que o compositor não resistiu a um enfarte, a 4 de Novembro de 1847, contando apenas 38 anos, meio ano depois de a sua irmã Fanny Mendelssohn, também ela com fortes ligações à criação musical, ter tido igual «sorte». Tudo levaria a crer que se tratasse de um mal hereditário, mas parece que não terá sido apenas isso. Documentos encontrados na «Royal Academy of Music» dão conta de que o compositor terá vivido uma paixão não correspondida com uma tal Johanna Maria Lind, soprano sueca, cujo marido, Otto Goldschmidt, foi aluno de Mendelssohn. O marido terá confessado a existência de uma carta com conteúdos que se revelariam danosos para a reputação de ambos os «apaixonados», bem como, claro está, para a sua.
O homem que parecia ter uma vida quase perfeita, de reputado compositor e maestro, pai e marido, talvez não condiga com o verdadeiro. O tema ganha importância, numa altura em que se comemora o bicentenário do nascimento de Mendelssohn. Eram conhecidas várias versões acerca da sua morte, entre as quais a de que se teria suicidado, ingerindo veneno. Agora, Jessica Duchen, do «The Independent», acrescenta mais um elemento «químico» a este «Elixir do Amor».
A maravilhosa música de Mendelsohn não sai beliscada com o affaire.
Mas que apimenta a biografia, apimenta!