Ouvi, há dias, o debate na TSF, conduzido, como sempre, de forma irrepreensível, pelo meu amigo Pedro Pinheiro. Desta vez, sobre o bom ou mau jornalismo televisivo (em concreto, pelas televisões generalistas), feito durante a pandemia. O debate teve como ponto de partida uma carta aberta de um grupo de jornalistas, que se insurge contra o que considera um «apontar incessante de culpados», uma «falta de respeito pela privacidade dos doentes», uma «sistemática invasão de espaços hospitalares», uma ausência de «informação sóbria», uma «obsessão opinativa», um «tom agressivo, quase inquisitorial», uma «ausência de diferença entre informação, especulação e espectáculo». Este mergulho na questão sobre o que é bom e o que é mau, para além de ser antiga, é completamente infrutífera e inconclusiva. Como diz a canção, e Jorge Jesus também, «é preciso perder, para depois se ganhar», ou seja, para se conhecer o bom, é preciso também conhecer o mau. Só assim se ganham referências. Para além disso, dificilmente alguém teria um conhecimento prévio sobre como se deve fazer bom jornalismo em contexto pandémico. Na sua brilhante introdução, Pedro Pinheiro já foi adiantando a resposta. Alguns dos signatários desta carta aberta foram (ou são) defensores de muitas outras liberalizações, partindo do princípio que já temos maturidade social para optarmos. É curioso como, neste contexto particular, não adoptam a mesma visão. Porque, no fim de contas, «o comando é meu».