Houve uma altura em que José Rodrigues dos Santos resolveu começar a piscar o olho à malta, quando se despedia com um ‘nós voltamos a ver-nos amanhã’ talvez ligeiramente arrogante, partindo do princípio que, no dia seguinte, estaríamos na disposição de aturável-lo outra vez. Houve também uma altura em que Rodrigo Guedes de Carvalho resolveu partilhar coisas que lia nas redes sociais, e até mesmo endureceu um pouco a posição de perguntador. Mas talvez nada se compare à forma dura, fria, rude, ‘incomunicativa’, e por aí a diante, com que João Adelino Faria entrevistou os candidatos à Presidência da República. Um espaço do canal público, que deveria ser igualitário e servir para que os portugueses pudessem conhecer melhor os concidadãos que vão a votos, tornou-se numa espécie de ringue de boxe, em que João Adelino põe as luvas em riste, e os entrevistados são o saco. Depois disto, tivemos uma moderadora que se demite das suas funções, e deixa dois candidatos entrarem em total cacofonia durante 95% do tempo de debate. Só me ocorre a frase do polícia d’O que diz Molero’, de Dinis Machado, que chega muito depois de toda a trapalhada ter acontecido, para perguntar, com a sua calma gorda, ‘mas o que é que se passou?’