É irónico que fiquemos a conhecer melhor as entranhas de um hospital porque nos querem ver as nossas entranhas. Nas várias conversas, com os vários técnicos, enfermeiros e médicos, dou-me conta de que é a primeira vez que me acontece uma série de coisas. É a primeira vez que me deito numa cama articulada de hospital. É a primeira vez que tenho um catéter espetado na veia da mão. É a primeira vez que põem um saco de soro a vigiar-me. É a primeira vez que experimento uma anestesia geral. Raios… É preciso passarem 40 anos para se saber o que praticamente toda a gente já sabe. Que, nas entranhas de um hospital, também há humanidade. Muito mais do que aquela com que sentimos, pela primeira vez, todas estas coisas.