20 de Fevereiro de 2020 – Eutanásia

De repente, resolveu-se voltar a falar de eutanásia. Curiosamente, numa altura em que se verifica um profundo desinvestimento nos cuidados continuados e paliativos. Curiosamente, com uma estranha pressa de deixar o Parlamento decidir, o mesmo Parlamento que, sobre a regionalização, acha preferível perguntar ao povo. Curiosamente, quando se diz que o povo tem maturidade suficiente para decidir em consciência. Mas pouco importa. O que importa, é não deixar que estas decisões sejam tomadas a partir de convicções pessoais ou particulares, de experiências vividas ou exemplos concretos, que não podem, nem devem, ser generalizados. Como, por exemplo, a eterna questão que se coloca sobre a quantidade de portugueses que procuram a eutanásia em países em que ela é legal. Fala-se, sabe-se, comenta-se acerca do número de pessoas que, convictamente, desejam morrer de forma assistida. E aqui, a leitura pode ser traiçoeira. Uma das instituições que mais tem trabalhado esta questão, a clínica suíça “Dignitas”, terá acolhido e ‘tratado’, desde 2008, cerca de 2100 pessoas. Destes 2100, apenas 20 serão portugueses, e os registos não são claros se se trata de utentes à procura da eutanásia ou meros apoiantes da causa. Dizermos, portanto, que é uma solução muito procurada, pode não ser absolutamente verdadeiro. Os políticos portugueses costumam ser verdadeiros artesãos de filigrana, quando querem construir leis que prevejam tudo e mais alguma coisa. Vamos ver o que decidem acerca deste assunto.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *