Há coisas em que não conseguimos estar de fora. Ou, dito de outra forma, tudo o que é orgânico, que nos pertence, que está dentro das fronteiras do nosso corpo, só à força sai de nós. Ou não sai. Isto é uma espécie disso. Alguns anos depois, volto a vestir a farda (nova, desta vez) da Banda Musical de Arouca. E é como se ela nunca tivesse sido tirada. Há coisas em que não conseguimos estar de fora, e por isso como que fugimos delas, porque não conseguimos ver-nos de outra forma que não seja dentro. Dentro, tudo flui de forma normal, até porque há isso, que é a música. Fora, não. Há vazio, e parece que em presença das coisas, o vazio é ainda maior. Não é o caso, porque, desta vez, estou dentro. E com uma música fabulosa, que dá um gozo imenso fazer. É mais ou menos isto que se sente, sobre voltar a vestir uma farda.