Às vezes, dá-nos saudades do passado. Especialmente de um passado bom, feito de coisas boas, feito de coisas bem feitas. Assim era, em tempos, com o humor. Não que agora não se faça bom humor, mas é diferente. Nos tempos do José Esteves, por exemplo, do ‘Tal Canal’, era mais complicado fazer-se humor. Se pensarmos bem, só quando começamos a conseguir rir-nos de nós próprios é que começamos a ter sentido de humor. E Portugal, na altura, não se ria de si próprio, porque até disso tinha pudor. Felizmente, a Internet ajuda-nos a recordar algumas coisas, coisas que acabam por ficar na memória, personagens que acabam por ganhar vida para além do contexto em que foram (e para que foram) criadas. Assim foi com o José Esteves, que, neste ‘Boião de Cultura’, uma década depois de ter aparecido pela primeira vez, conseguiu, com a mesma frescura da novidade, dez anos antes, falar de futebol, de música clássica e de uma série de outras coisas, à moda do Porto, com piada e com ‘substracto’. Coisas que, hoje em dia, nem sempre encontramos.