O Arda é o rio que corre no coração de Arouca. Mais ou menos oculto, pela forma como serpenteia pela terra. Mais ou menos ocultado, pelo forma como a mão humana foi tentando moldá-lo. Se Arouca tivesse sangue, talvez o primeiro a correr-lhe nas veias fosse o Arda. Foi o Arda que fez a Senhora da Mó e a Pedra Má, um monte de cada lado do vale, para lhe dar vida. E porque foi correndo, oculto e ocultado, o Arda é um rio de quedas. Umas mais, outras menos vertiginosas, mas todas elas belas, porque tornam a água um ser vivo. A precipitar o seu lençol pelos muros, pelas pedras, pelos desníveis do leito, as águas de um rio oferecem-nos o espectáculo mais bonito que podem oferecer. A música da natureza. As cores de uma pintura. O movimento da fotografia. O Arda continua a correr no coração de Arouca. Oculto e ocultado. A moldar e embelezar a paisagem muito mais perto de casa dos arouquenses do que eles mesmos pensam. Porque, às vezes, não é preciso grandes viagens para encontrar o paraíso. Às vezes ele está bem ali. Oculto. Ocultado.
Foi a pedido do meu amigo Óscar Valério que escrevi estas linhas sobre o rio Arda, que tanto diz às gentes de Arouca, apesar de estar mais oculto da nossa vista, sobretudo na vila. O texto pretendeu dar palavra a algumas imagens fabulosas, uma das quais aqui publicada, com a devida autorização do autor.