Os parlamentos, seja em que país for, têm rituais próprios, mas não muito diferentes de uma linha comum, em que a retórica, quando bem utilizada, proporciona momentos, em muitos casos, históricos. John Bercow é o presidente do parlamento inglês, e tornou-se ainda mais conhecido quando, recentemente, pediu a um tal Boris Johnson que poupasse nos golpes de teatro, se comportasse e fosse um bom menino, porque há procedimentos, no ritual parlamentar, que têm de ser cumpridos. Hoje, num discurso de despedida, fez questão de sublinhar que o tempo em que teve a honra e o privilégio (sublinhe-se, a honra e o privilégio) de servir o seu país em funções políticas foi o mais gratificante da sua vida. Afirmou que não devia pedidos de desculpa a ninguém, porque não se arrependia de nada do que fez. E deixou uma bela definição do que devem ser os políticos de um país, e dos deveres a que são chamados: ‘duty to act not as delegates but as representatives to do what they believe is right’.