Ir a Paris «por engano» e passar ao lado de uma visita a Versailles é, talvez, um estranho acumulado de azares. A adensar o sentimento de azar, para além dos vários documentários vistos sobre a fabulosa obra de Luís XIV, surge agora a série «Versailles». As séries são uma espécie de vício em processo de alastramento. Uma fórmula encontrada para consumo rápido, com algum sumo misturado com os ingredientes («sintéticos») habituais do formato. Por estes dias, mesmo que de forma supérflua, entra-se neste mundo de opulência e de um certo capricho do «Rei Sol». Dos vários diálogos (interessantes, diga-se, bem ao estilo BBC), fica na memória parte do último episódio. Quando Luís XIV percebe que, muitas vezes, o inimigo se distancia para parecer próximo ou se aproxima para parecer distante. E quando lhe dão a conhecer «A Arte da Guerra», de Sun Tzu, resumindo-a na imagem de que devemos mostrar-nos fracos quando estamos fortes e fortes quando estamos fracos. O «british accent» desculpa-se, portanto.