Aproxima-se o Verão, e Arouca, à semelhança do que acontece um pouco por todo o lado, prepara-se para o frenesim de eventos, próprio da época. A Recriação Histórica está quase aí, o Torneio Infantil/Juvenil de Futebol vai ocupar todo o mês de Julho, Agosto começa com os «Sons da Praça», a Volta a Portugal em Bicicleta também passa, mais uma vez, por cá, e, mais acontecimento menos acontecimento, chega a Feira das Colheitas, este ano temperada pela campanha eleitoral.
Fruto da intensidade com que o movimento associativo tem trabalhado, quase podemos dizer que há sempre coisas a acontecer, muitas vezes até em simultâneo, e a acontecer com qualidade equiparável a um nível profissional. Esta dinâmica deve orgulhar-nos, mas tem um lado mais perverso, a que convém estarmos atentos. Por se tratar do movimento associativo, vamo-nos habituando ao gratuito, ao fácil, ao podermos entrar e sair de um espectáculo quando nos aprouver, porque, no final de contas, não pagamos, o que nos dá essa liberdade. O trabalho, arduamente preparado, é, também ele, gratuito, e mesmo que esteja a um nível profissional, não deixa de ser encarado como amador, e, como tal, deve ser gratuito. Feito o balanço, o reconhecimento dado a quem se dedica a estas coisas é, no mínimo, relativo, e, a certa altura, os «carolas» começam a deixar de ter tempo disponível para trabalharem o seu talento gratuitamente e com prejuízo para si e para os seus.
Corremos o risco de enraizar a ideia de que tudo é fácil. Parece que é fácil pensar um espectáculo, idealizar a sua dinâmica, ensaiá-lo com os intervenientes, pô-lo pronto a ser apresentado. Parece, quando tudo se esgota naquele momento de palco, que tudo aconteceu rapidamente, mas, antes de tudo isso, estão horas, dias, um tempo imenso dedicado à causa, retirado ao descanso e, muitas vezes, a responsabilidades adiadas.
Talvez comece a ser tempo de pensarmos melhor nestas coisas. É sabido que nenhum profeta é reconhecido na sua própria terra, mas se conseguimos ser bons em tanta coisa, porque não nisto também?