Deixa-me, por um momento, ter saudades tuas. Deixa-me procurar-te no silêncio, no vazio que, a espaços, não sei porquê, aparece no intervalo de alguma coisa acontecer. Deixa-me imaginar que te abraço, não como se te protegesse, mas como se estivesse a tentar fazer com que coubesses no meu coração. Deixa-me ter um momento, daqueles não demasiado longos, para te dizer o que às vezes penso. Dizer-te que nem sempre o silêncio é isso mesmo, mas que ele pode ser feito de palavras à espera de serem ditas. Deixa-me ter saudades tuas, de te dar a mão de forma tímida, embora parecesse segura. Deixa-me voltar a embarcar numa espiral de loucura, de pensar que tudo é possível, como se o mundo fosse pela primeira vez. Deixa-me, só, ter saudades tuas. Ainda que por um momento. Mesmo que, depois, tudo volte ao mesmo. Ao meu silêncio, à minha distância, ao meu casulo. Porque, aí, voltarei a ter saudades tuas, mas tu talvez não saibas.