Ninguém está bem com o bem que tem. O ditado é velho, e não há mais nada a haver. O Benfica foi campeão. Bi-campeão. Estou satisfeito. Ganhar significa ser melhor que alguém. Às vezes, do que todos. E eu gosto muito do Benfica. Mesmo muito. Aos seis anos, aprendi rapidamente o nome dos jogadores. Sabia mais ou menos as tácticas. Previa resultados. Discutia com os amigos. Sofria nas finais europeias. Gosto mesmo muito do Benfica. E, além disso, a última vez que o Benfica foi bi-campeão, eu tinha três anos, e, como ainda não tinha seis, não sabia (ainda) quem era Eriksson, que só mais tarde passei a admirar. Foi por causa do Benfica que vi jogar em vários estádios do país Mozer, Ricardo Gomes, Valdo, Thern, Schwatrz, Magnusson, Chalana, Veloso, Bento e muitos outros que, depois, víamos nas respectivas selecções, nos Europeus e Mundiais, nas férias de Verão. Eu gosto mesmo muito do Benfica, mas preferia ter sido campeão de outra forma. Preferia, entre outras coisas, mas para começar, ter um treinador mais parecido com Eriksson. Preferia que os que gostam tanto ou mais do Benfica do que eu não andassem em zaragatas com a Polícia. Preferia que os que vão mais vezes ao estádio do que eu não destruíssem as bancadas. Preferia que o Benfica fosse esse grande Benfica, que é, mas que rapidamente fica mais pequeno. É este o grande “mas”.