Se eu pudesse, vivia no seio de uma montanha. Talvez sendo aquela água, que caindo é já outra, parecendo ser a mesma, ou sendo a mesma. Ou sendo a pedra que a água molda. Ou ainda uma simples folha verde, protegida por árvores maiores ou por uma fenda num penhasco. Às vezes apetece estar recolhido, aconchegado pela montanha. Como se fosse um segredo a que só se chega pela descoberta. Quando se sobe até aqui, apetece tudo isto. Não a montanha. Imponente, impenetrável, sólida. Antes o que de mais frágil possa estar recolhido dentro dela.
Foto: Joana Costa