O padre José Tolentino de Mendonça começa um texto sobre a esperança evocando a forma como o grande artista do Renascimento, Miguel Ângelo, a encarava. Para o pintor, escultor, arquitecto e mestre, a esperança era o que fazia com que visse numa pedra de mármore em bruto a escultura que idealizava, como produto final. E é aqui que reside toda a diferença. Miguel Ângelo via na pedra em bruto aquilo que, com o seu trabalho e minúcia, iria ser uma grande escultura, sábia e arduamente trabalhada. O que nós temos, em Portugal e, nestes tempos futebolísticos, projectada na Selecção Nacional, não é esperança. É uma espécie de fé num qualquer deus, que resolva o problema por nós. Isso não é esperança. É acreditar que o acaso nos possa ser favorável.