De repente, chegámos a 2014. O tempo passou, como sempre mais rápido do que esperávamos, e damos por nós a olhar para trás, a pensar em como, num instante, vivemos tantas coisas. Passou o Natal, passou aquela «euforia momentânea» de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, já se vão deixando de cantar os Reis, e começamos a olhar em frente, para um ano que, mais do que tudo, se nos apresenta com 12 meses de oportunidades.
Esta transição, em que, ao mesmo tempo, olhamos para o que passou e para o que há-de vir, é o tempo certo para nos lançarmos alguns desafios. Pequenos, mas que, se lhes correspondermos, podem trazer-nos boas surpresas. Assim é, julgo, com a Academia de Música de Arouca.
A maioria dos arouquenses, por certo, não fará ideia do tremendo trabalho que é desenvolvido por esta escola, oficial, reconhecida pelo Ministério da Educação, e que está, neste momento, a trabalhar lado a lado com os agrupamentos de escolas do concelho, no sentido de proporcionar a quase duas centenas de jovens arouquenses o chamado «ensino articulado», um ensino vocacional, que podemos considerar praticamente de carácter profissionalizante, na área da música. Desta forma, o ensino da música é levado «para dentro» da escola, e passa a fazer parte das disciplinas quotidianas dos alunos que optem por esta via.
A Academia é gerida de uma forma absolutamente exemplar, tanto administrativa como pedagogicamente, e conta, nos seus quadros, com mais de duas dezenas de professores especializados, de competência profissional reconhecida, e que ajudam, dia a dia, a formar jovens músicos, mas também, certamente concordaremos, melhores homens e mulheres. Arouca é uma terra de músicos, todos o reconhecemos, mais ou menos instintivamente. As bandas de música, também na sua componente formativa, prestam um inestimável serviço à iniciação e à prática musical, mas é na Academia de Música que podemos encontrar um reconhecimento e validação das competências, uma certificação curricular, um ensino pedagogicamente validado pelo Ministério da Educação.
Certamente reconhecemos que, como se costuma dizer, há lugar para todos. As escolas de música das bandas e das associações concelhias continuarão a formar (e muito bem) jovens músicos. Alguns deles, irão aprofundar os seus conhecimentos na Academia, e regressarão aos seus grupos, com um acrescento de conhecimento que ajudará ao aumento da qualidade. É assim que funciona, e bem. O desafio, porém, será o de colaborarmos, todos, dentro das possibilidades de cada um, na «luta» pelo alargamento do ensino da música ao secundário, objectivo pelo qual a Academia tem lutado incansavelmente. Arouca merece-o. Merece um ensino completo, merece uma aposta séria numa escola que tem trabalhado arduamente e que tem mostrado resultados, ainda que muitos não o vejam.
No ano de 2014, devemos acrescentar mais este aos nossos desafios. Porque se a crise se estende aos valores, à educação e à cultura, aí talvez estejamos irremediavelmente perdidos.