Não há um dia em que não esteja contigo, porque, sabe-lo bem, desde que me pregaste a partida de te esconderes que procuro ser como tu. Procuro honrar-te. Procuro pensar como tu pensarias. Procuro agir como tu agirias. Procuro estar como tu estarias. Talvez ninguém perceba. Talvez ninguém sinta. Acredito que não. Naquele dia, senti que perdi o meu pai, e isso só mais uma pessoa saberá o que é. Tive pena que não tivesses ficado mais tempo. Para falar contigo. Para me aconselhar. Para te contar os meus sucessos e fracassos. Para te poderes orgulhar de mim. Para te poder abraçar outra vez quando acabei a minha segunda licenciatura, que tanto queria que tivesse sido a primeira. Para te poder contar que me apaixonei e cresci muito com isso. (…)
Sabes bem. Falámos bastante sobre trabalho e sobre música. (…) Falei muito contigo sobre isso, como sabes. E a tua sensatez, a tua ponderação, o teu cuidado fizeram com que eu tomasse a atitude certa e que tudo se tivesse conjugado para que eu pudesse arriscar nesta aventura. Sou um sortudo, no fundo. Fazes-me falta, pá. (…) Às vezes, quando penso em ti, é como se me esvaziasse por completo. (…)
Lágrimas de verdade. Como se uma força me apertasse as entranhas até sair tudo, respirar fundo, e entrares tu, de novo. (…) Confesso-te que talvez nem sempre tenha sido bom filho, mas tenho dado o meu melhor. Quero continuar a orgulhar-vos. Quero continuar a fazer tudo bem. Quero continuar a ter-te como referência, e desculpa se nem sempre o sou. Conto com a tua ajuda e com a tua luz. Sempre.
Um abraço apertado