Enquanto escuto «Voici le Printemps», um dos coros mais belos da ópera «Sansão e Dalila» de Camille Saint-saëns, penso, por momentos, que era bom que a Primavera chegasse rápido. Que o que agora seca, possa renascer. Que as cores se renovem. Que o verde fique mais verde, e as flores pontuem a relva, sem pedir licença. Que respiremos outro ar, olhemos outros olhares. Mas, depois, penso melhor. E chego à conclusão que cada dia é-nos dado para que o vivamos. Nem mais depressa, nem mais devagar. Nem com outra coisa que não o que ele traz dentro. Por isso se chama «presente». Que temos de desembrulhar para descobrir. E que, muitas vezes, só mais tarde lhe achamos utilidade.
Act 1: Scene 6: Voice le printemps
Sansão e Dalila (Camille Saint-saens) – Acto 1, Cena 6 – “Voici le printemps”